Santos 2100
Santos em São Paulo: aquilo era um lamaçal [...] para resolver essa situação, o Engenheiro Saturnino de Brito, um grande especialista em saneamento, soube como estabelecer canais de drenagem das águas, muralhas de cais, aterros, consolidando assim o território para fazer uma cidade onde a princípio seria impossível. O esforço se justifica no caso de Santos porque há outros desejos para que a cidade esteja ali, que impõem a condição daquele lugar. Quais são? Antes de mais nada, o porto. Então alguém diz: “aqui eu pretendo fazer um porto; mas há muita lama... então farei as casas um pouco mais altas"... e assim vai. Paulo Mendes da Rocha.
Com localização privilegiada, a "Avenida Parque" proposta pelo Engenheiro Saturnino de Brito em 1910, corta a cidade de Santos no sentido Leste-Oeste. Possui duas situações geográfica e urbanisticamente importantes: paralela à linha férrea, cruza os sete canais de drenagem, também projetados por Saturnino de Brito e faz a conexão desde o morro até o porto. No decorrer dos anos, transformou-se em um corredor de desenvolvimento e renovação urbana, com excelente infraestrutura de transporte público dispondo de um VLT. Entretanto, a legislação permissiva associada à ausência de políticas públicas adequadas no setor habitacional, favoreceram o aumento da valorização e especulação do solo, acelerando o processo de verticalização e dificultando a permanência das classes com renda mais baixa nas imediações .
Indo na linha de Paulo Mendes da Rocha, nossa proposta reforça a ideia de que arquitetura é infraestrutura ao romper o conceito de lote fechado fundindo espaços públicos e privados de forma sutil e progressiva através da implantação sete super torres distribuídas pela cidade, uma para cada canal. Compostas por dois volumes, unidos por espaços multifuncionais, em níveis e alturas variáveis, ora abertos ora fechados, são antes de tudo conectores dos lugares de convívio, lazer e contemplação dos moradores desses "bairros verticais" de habitação social. Sete torres ligadas por um sistema de teleférico que leva, silenciosamente, as pessoas em suas atividades cotidianas, do morro ao porto, vezes dentro, vezes acima da bruma que vem do mar.
Ficha Técnica
ProjetoConcurso Internacional de Arranha-céus, promovido pela Revista eVoloLocalSantos, SPAno2013Área940.000,00 m²StatusNão construídoArquiteturaChristiane Costa Ferreira, Dhiego Torrano e José Maria de Macedo FilhoColaboradoresMilena Santos e Rafael PereiraCréditos ImagemSilvio Luís