Museu da UNICAMP
Entre os objetivos almejados no edital do concurso para o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp se destaca sua conversão em pólo cultural regional em face da carência de espaços com tal vocação na região metropolitana de Campinas. Condição necessária para estimular o imaginário arquitetônico na concepção do novo edifício e sua relação com a cidade, tornando-se elementos norteadores para as diretrizes dessa proposta.
Caracterizado pela concentração do programa em corpo quadrangular com trinta e seis metros de extensão em cada face, o projeto do museu configura uma caixa que evoca simbolismos a quem à distância observa. O conhecimento interior é revelado ao visitante atraído para os ambientes enquanto lugar de inclusão. O partido arquitetônico levou em conta a interação com os equipamentos presentes no entorno e a qualidade espacial da comunicação entre as diversas áreas e atividades, acolhidas no ambiente estruturado com aço e concreto.
A incorporação das referências construídas existentes condicionou a implantação do museu permitindo o seu afastamento do eixo viário de modo a oferecer certa dimensão urbana ao lugar. Intenção valorizada pela “promenade” que se abre à frente do novo edifício como elemento integrador com a cidade, ao mesmo tempo em que convida os visitantes a se apropriar do museu e da praça de convivência ao lado, onde poderá descansar sob a escultura/abrigo. Escultura que poderá vir a ser a marca ou mesmo o símbolo do novo museu. Implantação que também dinamizou a circulação dos veículos de carga e passeio cujos acessos nas extremidades do terreno permitiram a criação da via interna para contínua ligação entre os diversos equipamentos existentes.
O programa de necessidades se revela dentro de único corpo em formato de cubo materializando espaços diversificados que valorizam o encontro, a contemplação visual e a interação. No interior, ambientes circundam um grande átrio central com elevado pé-direito de vinte e cinco metros de altura e iluminação zenital que assume, além da monumentalidade espacial, a função reguladora entre os universos público e privado.
O museu totaliza 6.200 m2 distribuídos em dois subsolos, térreo e nos andares acima - dispostos em meios níveis ligados por planos inclinados, tornando a visitação pública um itinerário contínuo e dinâmico. No nível da promenade e da praça localiza-se a recepção com bilheteria, loja e cafeteria. Dali o visitante observa o grande átrio e setor das exposições temporárias, no subsolo, que se conecta com o auditório, administração, reserva técnica e o espaço que esta sendo restaurado do antigo observatório.
Nos ambientes acima ficam a biblioteca, espaço multimídia e o núcleo das exposições permanentes fluindo pelos planos inclinados e superfícies em meios níveis como suporte flexível para as atividades previstas, estimulando novas possibilidades expográficas. O itinerário finaliza no novo observatório, a cota mais elevada do edifício, que empresta seu mirante para contemplar a vista plena da cidade.
Os espaços são estruturados de modo simples. Quatro pilares de concreto no grande átrio central sustentam grandes vigas mestras, no topo do edifício, as quais por sua vez, ancoram os tirantes metálicos usados na estruturação dos pisos que constroem as galerias da exposição do acervo permanente. Solução que permite eliminar a presença nem sempre desejada dos pilares nos ambientes expositivos, bem como facilita a montagem futura de novos pisos, os quais subdividindo as galerias de maior pé-direito permitirão a expansão da área expositiva.
O fechamento exterior versa na dicotomia entre transparência e opacidade. A pele exterior em tela metálica que recobre as faces noroeste, nordeste e sudeste funcionam como regulador climático atenuando a passagem da luz. O afastamento dos caixilhos de vidro permite o livre trânsito de ar por detrás do fechamento translúcido, eliminando problemas acarretados pelo excesso de cargas térmicas. A pouca incidência solar inerente da elevação sudoeste resultou na opção pela empena envidraçada ampliando diretamente o diálogo visual com o plano exterior.
Concepções que confere aparente solidez ao volume, cuja impressão é logo subvertida diante da leveza da estrutura em balanço que se observa da promenade. Transparência e opacidade, massa e leveza, elementos opostos organizados num incessante embate acerca de sua primazia, cabendo ao visitante encontrar a resposta.